sábado, 5 de abril de 2014

Acreditar Parte 5

A história e os nomes apresentados aqui são de origem fictícia, qualquer semelhança é mera coincidência.

Gustavo visita seu paciente.
- Olá, tudo bem Gabriel?, diz ele entrando no quarto.
Gabriel responde rispidamente.
- Eu pareço bem, olha pra mim é claro que eu não estou bem.
- Quanta raiva.
- Não é raiva, isso se chama câncer!
- Não, isso se chama raiva mesmo.
- Quem é você?
- Sou o doutor Gustavo, eu vim lhe fazer uma visita.
- Não acredito mais um para me infernizar.
- Não vim te infernizar, eu vim te visitar, irei acompanhar o seu caso.
- Caso não, veio ter pena e dó de mim né?
- Não, eu não tenho dó, e muito menos pena, eu nem sou passarinho, nem violino.
- Ha, ha, ha, diz Gabriel com ar de deboche.
- Agir dessa forma só vai te fazer mal.
- Eu já estou mal, e outra vou morrer mesmo.
- Como você sabe?
- Você tá de brincadeira comigo né? Olha pra mim você é cego?
- Não sou cego, você não acredita em Deus?
- Deus não existe, por que se ele realmente existisse eu não estaria com essa doença maldita, eu só tenho quinze anos, - só quinze anos grita ele.
- Gabriel, eu sei o quão difícil é estar doente.
- Não você não sabe, eu perdi tudo, perdi meus cabelos, perdi minha alegria, vou perder a minha vida.
- Não, você não vai, basta acreditar.
- Estou cheio desse sermão médico, que tudo vai ficar bem, eu sei que não vai, não sou como essas crianças que acreditam em mágica, eu nem sou mais criança.
- Mais está agindo como uma, chorona e rebelde.
- Eu não queria ter câncer, eu não queria, diz ele já chorando.
Gustavo chega mais próximo da cama dele, e o abraça forte.


Autora: Ana Paula Catarino
(Continua...)

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